quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Tratamento de Troncos para Aquários


Introdução

Ao desenvolver um interesse pelo aquarismo, muitos iniciantes buscam o máximo de informações possíveis, momento no qual adquirem algumas dúvidas pela desinformação de vendedores desinteressados, ou ainda por diversas informações diferentes sobre um único assunto. Os fatores agravantes desses problemas iniciais são a pressa e a impaciência, que tornam impraticável o nosso hobby e afastam potenciais aquaristas.
Logo que elaboramos um layout para nossos tanques, temos a possibilidade de escolher os mais diversos artigos decorativos, os quais nem sempre estão totalmente prontos. É o caso dos troncos, que tendem a causar alteração na cor da água pela tinta marrom ou água cor-de-chá, causada pela liberação de ácidos húmicos ou taninas, que também são responsáveis pela cor de alguns rios amazônicos (Rio Negro, por exemplo).
O tingimento da água não é diretamente prejudicial aos peixes e, dependendo do tipo de montagem (como o aquário biótopo asiático acima), este tipo de coloração é até desejada, mas para outras montagens em geral o que se quer é ter a água mais cristalina possível, por questões estéticas e para facilitar a penetração da luz. Em busca de encontrar os melhores meios para tratar os troncos de aroeira, reuni os artigos e dicas mais comuns no mundo do aquarismo, testando todos os métodos com amostras e condições semelhantes.

A Aroeira

São muitas as plantas no Brasil conhecidas com o nome de aroeira. Pelos nomes populares que carregam, deixam transparecer que se tratam de espécies espalhadas pelo país afora. São, assim, a aroeira-da-praia, a aroeira-de-bugre, a aroeira-do-sertão, a aroeira-do-mato, a aroeira-de-capoeira, a aroeira-do-campo, a aroeira-de-goiás, a aroeira-do-amazonas, a aroeira-do-rio-grande, a aroeira-rasteira, a aroeira-mansa , a aroeira-brava, a aroeira-preta, a aroeira-branca e, por fim, a aroeira-vermelha.
Nome popular: aroeira; aroeira-do-sertão.
Nome científico: Schinus terebenthifolius Raddi.
Família botânica: Anacardiaceae
Origem: Várias formações do Brasil.
Segundo o "Dicionário Botânico da USP", é uma árvore de folhas penadas, flores brancas ou amarelo-esverdeadas, em panículas, e drupas globosas, vermelhas, com odor de pimenta; abaraíba, aguaraibá-guaçú, aguaraúba, araíba, aroeira-do-amazonas, aroeira-folha-de-salso, aroeira-salso, aroeiro, corneíba, pimenta-da-américa, pimenta-bastarda, pimenteira-do-peru [Nativa dos Andes peruanos, é explorada ou cultivada pela madeira compactada, pouco elástica, pelas propriedades medicinais da resina da casca e dos folíolos e frutos, os quais também fornecem tintura, respectivamente, amarela e rósea].
São encontradas no estados brasileiros de Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Mato-Grosso, Maranhão e Piauí.
Os Tratamentos

Nesta pesquisa foram utilizados troncos de aroeira com aproximadamente 30 cm cada, que foram submetidos aos testes simultaneamente. Cada amostra foi colocada em um recipiente, submetida ao respectivo tratamento descrito abaixo, e retirada do local para ir ao aquário somente após não tingir ou turvar a água dos recipientes. O tempo total que levou cada processo é indicado ao final dele. A água utilizada era retirada diretamente da rede de distribuição (torneira) sem qualquer tratamento anterior.
Atenção: a maior parte dos tratamentos pesquisados foram desenvolvidos por outros aquaristas, muitos companheiros da A Era de Aquários que compartilharam suas experiências conosco. As instruções dos tratamentos pesquisados foram respeitadas rigorosamente, além de uma variação com cloro, sal e água quente que eu já estava estudando há algum tempo. Sendo ainda que a pesquisa tem como finalidade somente verificar a eficácia e o tempo aproximado do tratamento proposto.
Tratamento com cloro ativado
1. O tronco deve ser submerso em recipiente com volume suficiente para cobri-lo totalmente, adicionando durante 7 dias 1 ml de cloro ativo para cada 10 litros d’água;
2. Troque á água e deixe o tronco descansar por mais sete dias, para que o cloro excesso seja totalmente removido;
3. Caso seja possível, adicione água quente sobre o tronco, para eliminar agentes resistentes ao cloro. Tempo requerido de tratamento: 18 dias
Tratamento com sal grosso 1. O tronco deve ser submerso em recipiente com volume suficiente para cobri-lo, adicionando 4 colheres de chá para cada litro de água; 2. Completar a água do recipiente para manter o tronco sempre submerso.
Tempo requerido para deixar de tingir a água: 25 dias
Tratamento com imersão em água da rede de distribuição
1. O tronco deve ser submerso em recipiente com volume suficiente para cobri-lo, com água da rede distribuidora (torneira);
2. Trocar a água a cada três ou quatro dias.
Tempo requerido para deixar de tingir a água: 35 dias
Tratamento com imersão em água quente
1. O tronco deve ser submerso em recipiente com volume suficiente para cobri-lo;
2. Despejar água fervente sobre o tronco e deixar descansar;
3. Trocar a água a cada três ou quatro dias.
Tempo requerido para deixar de tingir a água: 28 dias
Tratamento com cloro, sal grosso e imersão em água quente
1. O tronco deve ser submerso em recipiente com volume suficiente para cobri-lo, adicionando 1 litro de cloro para cada 2 litros de água, deixando-o em repouso durante 24 horas;
2. Colocar o tronco em outro recipiente para que a água possa ser aquecida ao ponto de ebulição (100°C) durante 15 minutos e deixe descansar por 24 horas;
3. No terceiro dia adicionar 200 g de sal grosso à água a ser fervida, conforme o item 2;
4. Troque a água diariamente e repita o item 2 até a água se apresentar limpa.
Tempo requerido para deixar de tingir a água: 7 dias

Conclusão

Os resultados demonstraram que todos os tratamentos são eficazes para que os troncos deixem de pigmentar a água do aquário, cada um com seu tempo e dificuldade própria. Deve-se ressaltar que a água a ser trocada ficará muito marrom e até mesmo os menos experientes saberão a hora correta de parar o tratamento.
É importante inserir todas as plantas, troncos e pedras no momento inicial da montagem, o que deverá influenciar diretamente na qualidade de nossa colônia de bactérias e no equilíbrio d'água. Utilizando qualquer um dos tratamentos de troncos podemos diminuir o tempo de espera para uma montagem sem riscos.
Finalmente, devemos salientar a questão ambiental que está intimamente ligada ao hobby, pois de acordo com IBAMA a aroeira é uma das espécies de nossa flora ameaçadas de extinção e já está classificada como “vulnerável”. Após essa descoberta, acabei doando dois dos troncos utilizados na experiência e acho fundamental divulgarmos a todos a preocupação dos aquaristas quanto ao uso racional e sustentável de qualquer elemento extraído da natureza, valorizando e preservando os que já possuímos.




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